O que a universidade de líderes da GE ensina sobre carreira


Publicado dia 06/10/2015

 Em 1952, nascia em Nova York, nos Estados Unidos, a primeira universidade corporativa do mundo: Crotonville Hill, o centro de treinamento da GE, gigante multinacional de tecnologia e serviços. Pelas salas de aula americanas passaram alunos renomados, como Jack Welch, ex-pre­sidente da empresa e um dos executivos mais admirados do mundo; Jeffrey R. Immelt, atual chefão da empresa; e o brasileiro Reinaldo Garcia, CEO para a América Latina. Agora essa mítica escola, que se gaba de ter formado todos os seus 12 presidentes internamente, chega ao Brasil.

 

A Crotonville tropical, aberta no início de novembro, foi construída no Rio de Janeiro, de frente para o mar, e ocupa um andar do recém-inau­gurado centro de pesquisa e desenvolvimento da companhia.

O investimento foi de 50 milhões de dólares, e a unidade carioca é a primeira da América Latina. Além dos Estados Unidos, há plantas da escola na China, na Índia e na Alemanha. O orçamento faz parte do total de 1 bilhão de dólares destinados pela GE anualmente à capacitação de seus funcionários em todo o mundo. 

O grande objetivo da universidade é formar líderes inspiradores. Os executivos da empresa acreditam que, quando há uma liderança altamente desenvolvida, fica mais fácil engajar pessoas e inovar. “A Crotonville contribui para nos manter na liderança no mercado”, diz Daurio Speranzini Jr., presidente da GE Healthcare para a América Latina.

A unidade do Rio de Janeiro não foi aberta por acaso: a América Latina é uma das apostas da GE, e o Brasil está em terceiro lugar entre os maiores mercados da empresa, atrás de Estados Unidos e China.

 

A companhia pretende treinar 60% de funcionários brasileiros — os 40% restantes virão de outros países, com destaque para Argentina, Chile e México. Nos próximos 12 meses, 1 600 alunos assistirão a aulas ministradas por executivos da GE e por professores convidados.

“Queremos fortalecer a região na estratégia global, inclusive na formação de líderes latinos”, diz Sandra Rodrigues, diretora de treinamento. A instalação da escola no Rio de Janeiro pretende cortar custos: não haverá a necessidade de que os funcionários viajem para Nova York.

 

Jeitinho brasileiro 

 

A universidade carioca tem uma grade semelhante à da Crotonville original, dividida entre treinamentos técnicos e comportamentais. A primeira conta com cursos voltados para o desenvolvimento de habilidades específicas de liderança, como conselhos para encontrar o candidato ideal, melhorar a oratória e capacitar subordinados — qualquer funcionário pode se inscrever para participar das aulas desses cursos, que duram de um a dois dias. A segunda parte impulsiona o desenvolvimento pessoal dos profissionais e os ajuda a ter mais espírito de equipe e a criar um clima mais favorável na área em que trabalham, por exemplo.

Esses treinamentos, que duram três semanas, são para um grupo seleto. Os escolhidos precisam ser indicados e ter um alto desempenho na empresa. “Assim aceleramos a carreira de nossos executivos”, diz Sandra Rodrigues. A singularidade do método de ensino da Crotonville é o maior enfoque em aulas práticas, com simulações de contextos reais e exercícios para deixar os executivos prontos para lidar com situações do dia a dia.

 

Embora exista uma sincronia com a matriz, a Crotonville Rio tem um jeitinho brasileiro de ensinar, com aulas em um café para melhorar o poder de negociação dos profissionais (afinal, executivos brasileiros adoram falar de negócios no cafezinho) e até atividades na praia.

A ideia é aumentar a integração e a energia dos funcionários da GE. Isela Macía, de 30 anos, líder do programa de produtividade, passou um fim de tarde em Copacabana jogando vôlei e futebol de areia com os colegas. “Ficamos mais à vontade, e a união do grupo aumentou”, diz Isela. A profissional cubana, que mora no Brasil há seis anos, dividiu a areia com colegas argentinos, peruanos e brasileiros depois de receber uma promoção. “Os cursos estão me ajudando a lidar melhor com a pressão do dia a dia”, afirma. 

A expansão dos centros de educação para outros países fez com que a GE adaptasse cada Crotonville à realidade local. Isso significa que, no Brasil, há aulas sobre as particularidades dos negócios na América Latina para formar líderes adaptados à realidade econômica regional — cheia de incertezas.

“A GE está acostumada a crescer, mas hoje precisa crescer em um mercado instável”, diz Pablo Vera, diretor da unidade carioca. “Por isso vamos desenvolver pessoas que não tenham medo de encontrar oportunidades, mesmo em cenários difíceis.”

 

A vocação global da universidade é grande, e o próximo projeto a ser implantado na unidade carioca é o programa Líder em Residência, que traz profissionais do alto escalão da GE para passar uma temporada no Rio de Janeiro contando suas trajetórias de carreira e ministrando sessões de coaching com os alunos. 

Tudo isso tem um objetivo muito claro para a empresa: tornar-se uma fábrica de líderes no Brasil. O país pode se beneficiar da planta carioca. Por ser uma instituição reconhecida internacionalmente pela excelência na educação executiva, a chegada da Crotonville ao território nacional pode contribuir, também, para o ensino corporativo no país.“A experiên­cia da empresa vai inspirar a formação nesse campo”, diz Joel Dutra, professor da Fundação Instituto de Administração, de São Paulo.

 

O que a Crotonville pode ensinar sobre gestão e liderança a todos os profissionais 

 

O conhecimento deve ser partilhado 

 

Para haver uma liderança em crescimento, é preciso que os líderes desenvolvam novos líderes. Isso só se torna possível quando quem está na chefia enxerga os funcionários com alto potencial e compartilha o que já sabe sobre gestão.

 

O contexto importa 

 

Entender quais são as particularidades da região onde se trabalha aumenta a chance de encontrar soluções para problemas complexos e melhora a maneira como as pessoas se relacionam.

 

Quanto mais prática, melhor 

 

A teoria é importante para ampliar o repertório, mas imaginar como agir em situações reais faz com que os profissionais fiquem mais ágeis e tomem melhores decisões.

 

O comportamento faz a diferença 

 

Quem se diferencia no mercado é alguém que tem habilidades comportamentais, como bom relacionamento em equipe e capacidade de inspirar os outros. Para desenvolver isso, nada melhor do que estreitar laços com os colegas em situações que vão além do escritório, como um almoço ou jogo de futebol. 

 

Fonte: Revista  VOCÊ S/A

 

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